quinta-feira, 30 de junho de 2011

HistóricoCabernet Sauvignon
De todas as variedades européias encontradas na Califórnia, a Cabernet Sauvignon é a que mais aparece na região, principalmente em Napa Valley. O Cabernet teve grande sucesso, mais especificamente em Napa, por volta de 1880, conforme indicavam os produtores da época. Suas características sempre foram apreciadas pelas autoridades do vinho, embora nem sempre pelo público consumidor.

No início dos anos 60, uma celebridade do mercado de vinhos ingleses denominou o Cabernet de Sauvignon do Napa de "Burgundy da Califórnia". Essa comparação pode ser considerada exagerada por muitos, mas certamente demonstra um pouco da qualidade e complexidade encontrada neste Cabernet. Desde então, as plantações expandiram-se ao lado de florestas chuvosas e nos desertos, em inclinações da montanha e em leitos do rio. As variações de Cabernet encontradas nessas regiões são grandes, algumas possuem maior concentração alcoólica enquanto outras apresentam texturas ricas em taninos. Além de Napa, há também outras regiões produtoras de Cabernet. O condado de Sonoma é uma delas, seus distritos superiores, Alexander Valley e Sonoma Valley, também são grandes produtores de Cabernet Sauvignon.
Merlot
Um registro histórico sugere que o Merlot não havia obtido grande aceitação antes da proibição. O resultado era que praticamente havia desaparecido entre 1919 e 1969, quando, como um último suspiro, alguns produtores curiosos começaram a experimentar a combinação de Merlot com outros vinhos. O objetivo era fazer com que sua composição pudesse amaciar os taninos de um Cabernet Sauvignon.

Desde meados dos anos 70, esse foi o motivo da sua exploração, e futuramente o motivo da explosão. Depois de obtidos resultados satisfatórios na combinação com outros vinhos, o Merlot passou a ter a fama de um vinho variável.
Pinot Noir
Pode se dizer que o sucesso do Pinot Noir na Califórnia é a combinação de 2 fatores: a névoa nos vinhedos e menos tempo na madeira das adegas do que antes, nos anos 80. Os primeiros produtores de Pinot Noir ficavam perplexos por décadas durante a produção do vinho, que ora apresentava grande consistência e tinham atributos dignos de vencedor, e ora tornavam-se maçantes para ser produzidos.

Mais e mais vinícolas trabalham na produção de Pinot Noir utilizando-se de barricas de carvalho francês por menor tempo. As variações de tempo de fermentação do Pinot Noir podem diminuir ou não a complexidade na boca, bem como alteração na riqueza de texturas.
Zinfandel
Esta variedade de uva sofreu durante muito tempo problemas em sua imagem. Faltando um estilo europeu que inspirasse o cultivo, partiram iniciativas diretamente dos críticos para se criar um estilo próprio à fruta. Sabendo da característica indesejada de falta de identidade, explorou-se suas vantagens. O Zinfandel apresenta características próprias como textura robusta, potência do fruto (que produz maior consistência no suco) e elegante sabor. Embora tenha estrutura e peso favoráveis para um bom envelhecimento, os produtores não têm abandonado a exploração de seu glorioso sabor.

UVAS BRANCAS
Chardonnay
Esta variedade de uva branca demorou a ser inserida nas terras da Califórnia, mas assim que chegou conquistou seu espaço. Tornou-se uma das mais importantes uvas utilizadas na produção de grandes vinhos californianos. É a uva branca principal do estado, mesmo assim, necessita de cuidados especiais para garantir seu desenvolvimento ideal. Em 1973 começaram a surgir os primeiros produtos de Chardonnay, saboroso e respeitável. Com a aprovação do público, iniciou-se uma nova corrida pelo ouro. Um ouro chamado Chardonnay. Estima-se que nos anos 80, tenham sido produzidos mais de 700 tipos de Chardonnay.

Como na Bourgogne, o Chardonnay produzido na Califórnia é feito tanto quanto ou até mais nas adegas do que nas vinhas. A fermentação em barricas de carvalho, a fermentação malolática e os demais métodos de fermentação, bem como truques de produtores, entram em uma larga escala nos estilos de produção. Os produtores criaram sua própria maneira de elaboração do vinho, alguns utilizaram blends, outros trabalharam intensamente a fermentação e outros criaram famosas receitas na produção. A variedade da uva provou ser notavelmente adaptável, crescendo bem em todos os condados litorais. A Chardonnay é plantada mais extensamente nos condados de Napa, Monterey e Sonoma.
Sauvignon Blanc
Considerado por entendedores como a uva de grandes vinhos brancos da Califórnia, a Sauvignon Blanc talvez necessite de algumas alterações em sua concentração de sabor, para melhor adequar-se ao público, contudo, sabe-se que é forte, com grande aceitação no mercado. Alguns produtores envelhecem seu Sauvignon em carvalho novo, fazendo um assemblage com uma pequena porção de Chardonnay, ou acrescentam um corte de Sémillon, ajudando a criar um sabor moderado.

Os missionários franciscanos plantaram as primeiras videiras na Califórnia por volta de 1779. Durante os cem anos que se seguiriam, as uvas plantadas pelos missionários continuaram sendo a base da viticultura na Califórnia, chegando aos pequenos viticultores em Los Angeles. O desenvolvimento da região estendeu-se para todo o estado e a fama da Califórnia como a região do vinho espalhou-se da mesma forma com que no norte Cáucaso (Rússia).

Seguindo a Corrida do Ouro, em 1849, a população e os vinhedos instalaram-se no norte da baía do San Francisco e adjacências. O condado de SONOMA era o centro da atividade viticultural em 1891 e tinha 22.683 acres / 9.180 ha, destes, 18.000 acres pertencentes ao Napa Valley. No fim do século XIX um estouro extraordinário do investimento nos vinhedos beneficiou não apenas estes condados do norte da costa, mas também a Livermore e Santa Clara.

No final do século, a maioria das regiões da Califórnia que hoje são produtoras, já estava instalada, na época, com produção acima de 30 milhões gal / 1,1 milhão hl, na maior parte do norte, Sonoma, Napa e Santa Clara. Em 1870, a região central da Califórnia também se tornou produtora, especialmente os condados de Fresno e Madera, que se tornaram famosas pela produção de vinhos baratos. O estado incentivava a produção, visto que o acelerado crescimento e o desenvolvimento viticultor refletiam de forma esplêndida na economia dos EUA.

Em 1880, entretanto, haviam sinais adiantados de phylloxera vastatrix, a primeira barreira enfrentada pela indústria, que acabou devastando a produção de vinhos na Califórnia. Somado a isso, ainda houve a proibição por decreto legal que levantou uma barreira ainda maior para a viticultura, que praticamente foi extinta.

Imediatamente após a proibição, o mercado exigiu uma maior produção de vinho doce. Após a Grande Depressão, a Segunda Guerra Mundial, e a popularização do whisky, os produtores tiveram de utilizar-se de blend, para produzir vinhos semelhantes aos da Europa, usando nomes genéricos como Bourgogne e Chablis aproveitando a ignorância geral do público.

Já com um mercado mais estável, a produção acelerou-se. Aumentou o número de viticultores e surgiu maior variedade de vinhos de maior qualidade impulsionados pela demanda que exigia um produto com características melhoradas. O mercado respondia rapidamente, e nos anos 90 o número de produtores de vinho no estado chegava mais uma vez próximo de 800, quase todos vendiam sua produção sob seus próprios rótulos. Atualmente a produção na Califórnia está bem acelerada, com marcas conhecidas e renomadas no mercado, que não raramente têm participado de competições e muitas vezes saído vitoriosa.

A complexidade, riqueza e qualidade, já são características presentes nos vinhos californianos e tem repercutido em todo o mundo, tais atributos associados a esta região certamente a posiciona como uma das melhores produtoras do chamado Mundo Novo.

Clima
Os não familiarizados com a Califórnia atribuem-lhe a característica de clima mediterrâneo. Isto é uma realidade parcial, na verdade, as correntes da costa oceânica provocam uma névoa quase perpétua ao longo da costa, criando grandes áreas frias e úmidas, gerando condições perfeitas para o plantio de uvas em todo o território. A influência das névoas não alcança todo o interior da região, permitindo que haja diferenciação de clima, como se observa em San Joaquim Valley, onde o clima é quente e ensolarado e há o crescimento de uvas para a produção de vinhos.

Entretanto, no centro, agudamente montanhoso, com solo desigual, o produto variável da névoa alcança diversas plantações. Napa, através da baía de San Francisco, é uma das regiões mais aquecidas e secas na costa. As áreas do condado de Santa Bárbara, 200 milhas ao sul, são mais frescas e nevoentas do que qualquer parte do Napa, enquanto a maior parte da região de Mendocino (quase 80 milhas ao norte do Napa) tem verões mais quentes. As aberturas ao oceano pacífico nas escalas da costa indicam os pontos frescos, quando as barreiras da montanha tornam-se mais mornas.

A estação chuvosa segue um padrão mais rigoroso, com pouca variação. No norte as chuvas provocam alagamento anual total em San Francisco de 24 a 45 pontos (615-1.150 milímetros). O congelamento prejudicial do inverno é desconhecido, bem como a chuva que algumas vezes tem interferido no desenvolvimento da fruta, mas nunca em uma proporção desastrosa. Para que se obtenha uma temperatura adequada na plantação, são utilizadas as "máquinas de vento", grandes ventiladores que ajudam a manter o ar frio em movimento nos vinhedos.

Geografia
Nos anos 90, na Califórnia, as regiões produtoras de vinho se estenderam por mais de 600 milhas/ 960 km do norte ao sul do estado. A demarcação das regiões e do estabelecimento produtor é uma tarefa muito importante que começou a ser realizada em 1983. A utilização desta identificação permitiu a popularização acelerada de diversas regiões como Napa, Sonoma, Mendocino entre outras. Nesta mesma época, tiveram início as primeiras etapas para uma identificação mais específica da origem, dirigida pelo solo e pelo clima. Estas áreas viticultoras americanas (AVA) são inicialmente rudimentares, não impondo nenhuma limitação nas variedades plantadas ou nas práticas do vinhedo. Para evitar que não houvesse a devida identificação, tanto da produtora, quanto da região, o AVA, juntamente com provadores, trabalhou para identificar de forma clara os vinhos produzidos. Esse processo de identificação continuou a ser realizado em toda a região durante a década de 90, mesmo enfrentando algumas complicações.

Viticultura
As plantações encontradas na Califórnia após o fim da proibição eram praticamente uniformes, com espaçamento, cultivo e poda muito semelhante. Cultivo seco era a regra na costa norte, enquanto a irrigação da inundação era a prática em San Joaquin Valley. Durante a década de 60 a investida foi sobre a própria videira, que passou a ser tratada de forma variada, de acordo com a espécie. Em meados da década de 80 foram tomadas medidas a fim de evitar a proliferação de parasitas e doenças, especialmente a phylloxera vastatrix. Uma delas foi a alteração na distância entre videiras, variando entre 800 e 2000 videiras por hectare. O objetivo era fazer um exame da vantagem das variações na estrutura e em exposições do solo bem como variedade da videira, que foi tornando-se cada vez mais resistente à ação de pragas.

Produção
Sem tradição para produzir, a maioria dos produtores de vinho da Califórnia buscou incessantemente obter em suas vinhas o resultado que conseguiam na universidade. Compreender um processo e então controla-lo eram os primeiros objetivos dos típicos enólogos do estado. De todas as etapas da produção de um vinho, a fermentação foi a que recebeu mais atenção. A fermentação de temperatura controlada começou a ser aplicada na Califórnia na década de 40. Com o avanço dos tanques de aço inoxidável e de mais sistemas de refrigeração, na década de 60, veio a variação na fermentação, projetada para cada tipo específico de uva. Os tanques de aço ultra-higiênicos permitiam que a fermentação malolática fosse feita com maior controle. O avanço do maquinário na produção permitiu controlar a acidez do vinho, podendo agregar a este maior concentração de acidez. Apesar dessa possibilidade, o recurso não era muito utilizado nas regiões do litoral, onde as uvas têm, freqüentemente a acidez mais elevada.

As barricas de carvalho francês eram utilizadas de forma variada, fermentando e envelhecendo tanto vinhos brancos como tintos. Com raras exceções, os vinhos tintos continuam a fermentar em tanques de aço inoxidável. O processo de fermentação é muito estudado e monitorado com muito cuidado. O maior objetivo a ser alcançado é a complexidade aromática. Envelhecer o vinho em barricas de carvalho tornou-se arte, e o cumprimento do tempo de envelhecimento tornou-se assunto de muito debate e experimentação.

Tipos de Vinhos
Uma das maiores características dos vinhos produzidos na Califórnia é a variedade. A produção de vinhos baratos (região central ou San Joaquin Valley), provém de poucas, mas grandes vinhas. A maioria das vinhas do estado se concentra na elaboração de vinhos mais caros, muitos de produção limitada e disponível somente em alguns mercados.

Tipos de Uvas
A variedade de uvas encontradas na Califórnia é uma das maiores do mundo graças a proporção elevada de produtores na região. As variedades mais plantadas são Chardonnay, cuja área total é de 57.000 acres / 23.000 ha. Cabernet Sauvignon e Chardonnay dominam etiquetas, enquanto os demais são utilizados mais freqüentemente para blends mais baratos. Há também alguns acres destinados ao cultivo de Sauvignon Blanc, Grenache e Barbera. Nota-se, entretanto, a provável influência italiana em vinhedos da Califórnia, mais particularmente com cultivo de Sangiovese. Outras variedades também apreciadas popularmente nos anos 90 são Zinfandel, Merlot, Syrah e Viognier. As variedades que constituem a especialidade da Califórnia, produzidas para o mercado interno e externo são: Charbono, Emerald Riesling, Flora, Green Hungarian, Petit Sirah, Ruby Cabernet, Symphony e Zinfandel.

A ciência da identificação da videira pela observação humana, nunca foi uma prática muito comum na Califórnia. Nó século XIX, a identificação era feita de forma imprecisa e não se podia saber com exatidão a espécie da uva que havia crescido em determinadas regiões. Os "investigadores" modernos têm usado técnicas mais sofisticadas de identificar videiras, como o DNA, para testar e classificar os "ancestrais" que deram origem a determinados tipos de uva. Algumas das variedades encontradas não apresentam clara classificação, com é o caso da Gamay. Algumas delas apresentadas a seguir são as de maior importância na Califórnia, sendo facilmente identificadas em rótulos de vinhos produzidos na região.

UVAS TINTAS

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