quarta-feira, 20 de julho de 2011
sábado, 9 de julho de 2011
Colonização italiana: Serra Gaúcha é recanto dos imigrantes que trouxeram seus conhecimentos vitivinícolas.
Garibaldi, Bento Gonçalves e Caxias do Sul são as cidades representantes da Itália no Brasil
Em 1870, o governo do Rio Grande do Sul criou colônias no alto das serras a fim de receber mais imigrantes alemães – os primeiros já estavam instalados no Vale dos Sinos –, que viriam para completar a lacuna de mão de obra barata que o Brasil precisava com o fim da escravatura, além de ocupar regiões remotas do Estado. Porém, com as más notícias que corriam na Alemanha, relatando as dificuldades dos colonizadores, o número de colonos alemães diminuiu drasticamente. Isso obrigou o governo a procurar uma nova fonte de imigrantes: os italianos.
Se aproveitando das péssimas condições que se encontravam as populações da Europa, graças à Revolução Industrial e ao êxodo rural - que fez com que camponeses fossem despejados de suas terras, artesãos fossem superados pelas máquinas e pobres e suas proles numerosas se amontoassem nas cidades - o Brasil fez promessas sobre uma terra de fartura e felicidade.
Após alguns meses da chegada dos italianos, diante das dificuldades e promessas não cumpridas por parte do governo brasileiro, muitos pensavam em ir embora. Mas sem dinheiro acabavam ficando. Foi então que um povo guerreiro e trabalhador se mostrou. A produção de vinho, que era feito em pequenas quantidades apenas para a população das colônias, logo começou a ganhar mercados externos, dando origem às primeiras cantinas – que mais tarde se tornariam indústrias. Além do vinho, os imigrantes italianos ajudaram outras lavouras a se desenvolver, auxiliando o Rio Grande do Sul a se tornar um dos estados mais produtivos do Brasil.
É a garra do povo italiano que dona Antônia Vicale Trindade demonstra ao contar, em um sotaque ainda bastante carregado, como foi sair da Itália para vir para o Brasil. Dona Antônia chegou no país com 16 anos, em 1954. Na longa viagem de navio, ela veio acompanhada da mãe e da irmã mais nova. “Meu pai já morava em Passo Fundo há quatro anos, e foi por isso que viemos parar no Rio Grande do Sul”, conta.
De acordo com Antônia, o pai resolveu vir para o Brasil depois de ter lutado na guerra na 2º Guerra Mundial como voluntário. “Meu pai ficou muito decepcionado com o governo italiano, o mínimo que ele esperava era algum reconhecimento”, recorda. Dona Antônia conta que a vida na Itália estava complicada, havia muitas dificuldades financeiras e nenhuma ajuda por parte do governo para aqueles que colocaram suas vidas em risco pela pátria.
Dona Antônia diz, ainda, que a mãe era bastante resistente em vir para o Brasil, mas com as dificuldades e responsabilidades em criar duas filhas mulheres sozinha, acabou cedendo e indo ao encontro do marido. “Por sermos imigrantes, esperávamos uma viagem ruim, em um navio velho e entulhado de gente, mas não foi assim que aconteceu. O navio era um luxo só, quando chegamos no porto para embarcar quase não acreditamos. Eu nunca tinha visto um barco tão grande e lindo da vida”, lembra.
Logo que chegaram ao Brasil, as imigrantes foram para a casa de parentes em São Paulo. “Minhas tias-avós moravam aqui, por isso fomos para São Paulo. Mas logo depois pegamos a estrada em direção à Passo Fundo, onde o meu pai nos esperava”, lembra dona Antônia. “Era o meu pai que estava construindo a nossa casa, mas até ela ficar pronta ficamos na casa de um outro tio meu que também estava morando aqui”, conta. Dona Antônia diz que no começo foi muito difícil se adaptar à nova realidade, a casa do tio - onde permaneceram até a casa nova ficar pronta – não tinha eletricidade e era muito velha. “Na Itália também não tínhamos luxo, mas morávamos confortavelmente, aqui a realidade era outra”, relata ela.
Assim como outros imigrantes italianos, a mãe de dona Antônia também chegou a se arrepender de ter saído da Itália para vir para o Brasil em busca de uma vida melhor. “A vida aqui estava dura, mas não tínhamos condições de voltar para a nossa terra”, lembra. “Eu e a minha família não falávamos português. Quando meu pai viajava, ele era vendedor, nos deixava uma quantia em dinheiro para irmos no armazém comprar comida. Como eu era a mais desinibida, eu que fazia as compras. Porém, sem entender nada do que eu pedia, o dono do armazém deixava eu pegar o que queria atrás do balcão, então só precisava pagar. Assim ficamos durante muito tempo, sem trocar uma única palavra”, recorda.
Foi em Passo Fundo que dona Antônia conheceu o marido. Ainda sem falar muito bem português, se compreenderem era um desafio. Porém o amor falou mais alto do que qualquer outra dificuldade, os dois se casaram e foram morar em Caxias do Sul, onde tiveram cinco filhos. Anos mais tarde dona Antônia voltou para a Itália para visitar a família. “A comunicação com eles (os parentes italianos) era só por carta, o que era muito demorado", afirma. Depois da primeira vez, dona Antônia ainda conseguiu visitar a Itália umas cinco vezes.
“Até hoje me sinto como uma árvore que teve a copa cortada, mas que deixou as raízes cravadas onde nasceu”, esta é a definição de dona Antônia para a falta que sente de sua terra natal. Para matar as saudades de Nápoles, sua cidade de origem, ela conta que costuma manter viva as tradições italianas. “Adoro ver minha família reunida em volta da mesa com muita comilança italiana, melhor ainda quando está tocando uma música típica”, conta. “O que os italianos têm em comum com os brasileiros é a alegria, os dois povos amam muito a vida. Na minha casa sempre estiveram presentes muitos amigos, vivíamos rodeados de gente alegre cantando e comendo”, lembra dona Antônia, que ainda lamenta: “Pena que hoje em dia as pessoas vivam tão sozinhas, cada um fica preso dentro de sua casa, muitas vezes até sem conhecer o vizinho que mora do lado. Antigamente, tanto no Brasil quanto na Itália, vivíamos para a família e os amigos, tudo era motivo de alegria”.
Conheça as belezas da Serra Gaúcha e as peculiaridades das tradições italianas – ainda muito presentes no EstadoApós alguns meses da chegada dos italianos, diante das dificuldades e promessas não cumpridas por parte do governo brasileiro, muitos pensavam em ir embora. Mas sem dinheiro acabavam ficando. Foi então que um povo guerreiro e trabalhador se mostrou. A produção de vinho, que era feito em pequenas quantidades apenas para a população das colônias, logo começou a ganhar mercados externos, dando origem às primeiras cantinas – que mais tarde se tornariam indústrias. Além do vinho, os imigrantes italianos ajudaram outras lavouras a se desenvolver, auxiliando o Rio Grande do Sul a se tornar um dos estados mais produtivos do Brasil.
É a garra do povo italiano que dona Antônia Vicale Trindade demonstra ao contar, em um sotaque ainda bastante carregado, como foi sair da Itália para vir para o Brasil. Dona Antônia chegou no país com 16 anos, em 1954. Na longa viagem de navio, ela veio acompanhada da mãe e da irmã mais nova. “Meu pai já morava em Passo Fundo há quatro anos, e foi por isso que viemos parar no Rio Grande do Sul”, conta.
De acordo com Antônia, o pai resolveu vir para o Brasil depois de ter lutado na guerra na 2º Guerra Mundial como voluntário. “Meu pai ficou muito decepcionado com o governo italiano, o mínimo que ele esperava era algum reconhecimento”, recorda. Dona Antônia conta que a vida na Itália estava complicada, havia muitas dificuldades financeiras e nenhuma ajuda por parte do governo para aqueles que colocaram suas vidas em risco pela pátria.
Dona Antônia diz, ainda, que a mãe era bastante resistente em vir para o Brasil, mas com as dificuldades e responsabilidades em criar duas filhas mulheres sozinha, acabou cedendo e indo ao encontro do marido. “Por sermos imigrantes, esperávamos uma viagem ruim, em um navio velho e entulhado de gente, mas não foi assim que aconteceu. O navio era um luxo só, quando chegamos no porto para embarcar quase não acreditamos. Eu nunca tinha visto um barco tão grande e lindo da vida”, lembra.
Logo que chegaram ao Brasil, as imigrantes foram para a casa de parentes em São Paulo. “Minhas tias-avós moravam aqui, por isso fomos para São Paulo. Mas logo depois pegamos a estrada em direção à Passo Fundo, onde o meu pai nos esperava”, lembra dona Antônia. “Era o meu pai que estava construindo a nossa casa, mas até ela ficar pronta ficamos na casa de um outro tio meu que também estava morando aqui”, conta. Dona Antônia diz que no começo foi muito difícil se adaptar à nova realidade, a casa do tio - onde permaneceram até a casa nova ficar pronta – não tinha eletricidade e era muito velha. “Na Itália também não tínhamos luxo, mas morávamos confortavelmente, aqui a realidade era outra”, relata ela.
Assim como outros imigrantes italianos, a mãe de dona Antônia também chegou a se arrepender de ter saído da Itália para vir para o Brasil em busca de uma vida melhor. “A vida aqui estava dura, mas não tínhamos condições de voltar para a nossa terra”, lembra. “Eu e a minha família não falávamos português. Quando meu pai viajava, ele era vendedor, nos deixava uma quantia em dinheiro para irmos no armazém comprar comida. Como eu era a mais desinibida, eu que fazia as compras. Porém, sem entender nada do que eu pedia, o dono do armazém deixava eu pegar o que queria atrás do balcão, então só precisava pagar. Assim ficamos durante muito tempo, sem trocar uma única palavra”, recorda.
Foi em Passo Fundo que dona Antônia conheceu o marido. Ainda sem falar muito bem português, se compreenderem era um desafio. Porém o amor falou mais alto do que qualquer outra dificuldade, os dois se casaram e foram morar em Caxias do Sul, onde tiveram cinco filhos. Anos mais tarde dona Antônia voltou para a Itália para visitar a família. “A comunicação com eles (os parentes italianos) era só por carta, o que era muito demorado", afirma. Depois da primeira vez, dona Antônia ainda conseguiu visitar a Itália umas cinco vezes.
“Até hoje me sinto como uma árvore que teve a copa cortada, mas que deixou as raízes cravadas onde nasceu”, esta é a definição de dona Antônia para a falta que sente de sua terra natal. Para matar as saudades de Nápoles, sua cidade de origem, ela conta que costuma manter viva as tradições italianas. “Adoro ver minha família reunida em volta da mesa com muita comilança italiana, melhor ainda quando está tocando uma música típica”, conta. “O que os italianos têm em comum com os brasileiros é a alegria, os dois povos amam muito a vida. Na minha casa sempre estiveram presentes muitos amigos, vivíamos rodeados de gente alegre cantando e comendo”, lembra dona Antônia, que ainda lamenta: “Pena que hoje em dia as pessoas vivam tão sozinhas, cada um fica preso dentro de sua casa, muitas vezes até sem conhecer o vizinho que mora do lado. Antigamente, tanto no Brasil quanto na Itália, vivíamos para a família e os amigos, tudo era motivo de alegria”.
Caxias do Sul
Caxias do Sul é a maior cidade da Serra Gaúcha. É o segundo polo metal mecânico do país e um dos maiores da América Latina. Além disso, é conhecida pela alta qualidade de suas vinícolas. A tradicional Festa da Uva, que atrai milhares de visitantes, ocorre bienalmente, em fevereiro nos Pavilhões da Festa da Uva. O evento retrata a colonização italiana através de desfiles e espetáculos regionais, além de contar com exposições de uvas e vinhos, cursos de degustação e demais atividades de entretenimento.
Com uma colonização quase exclusivamente italiana, Caxias mantém até hoje suas origens e tradições trazidas pelos imigrantes. Muitos habitantes, inclusive, falam uma espécie de dialeto do vêneto. Assim, a cidade é um local muito propício para apreciar massas, galeto e outras delícias da culinária italiana e para apreciar bons vinhos, produzidos na cidade e região.
Os passeios guiados pelas vinícolas são atrativos à parte, pois costumam oferecer degustações e coquetéis. Além, é claro, de mostrarem como é a produção dos vinhos e espumantes. O visitante pode acompanhar o processo desde a parreira até a harmonização das bebidas com a gastronomia. Em janeiro, anualmente, também ocorre a vindima, um final de semana onde os visitantes são convidados a colherem as uvas e as amassarem com os pés, como faziam os primeiros produtores de vinho da região.
Pontos turísticos que contam a história da imigração italiana em Caxias do Sul
Museu Municipal de Caxias do Sul - Possui um grande acervo de utensílios dos antigos agricultores, outros ligados a ofícios urbanos variados, uma seção de arte sacra, entre outros objetos. Possui ainda mapoteca, fototeca, pinacoteca e filmoteca que reúnem material para contar a saga da imigração italiana, passando por todo o processo imigratório que ocorreu na região. O prédio em que se encontra o museu, inclusive, testemunhou esta história. Construído na década de 1880, a casa que leva o número 586 da rua Visconde de Pelotas já foi sede da Prefeitura Municipal. Em 1975, após receber restauros, foi reinaugurada como museu.
Museu Ambiência Casa de Pedra - O museu está instalado em uma antiga casa de imigrantes, integralmente construída com pedras rústicas assentadas e rejuntadas com barro, com aberturas em pinho falquejado e janelas afixadas em tijolos artesanais, que resistiu ao tempo e à urbanização acelerada. Foi erguida no fim do século XIX por Giuseppe Lucchesi, e aberta ao público como museu em 1974, mantendo em seu interior o mobiliário que reconstitui o modo de vida doméstico do final do século XIX.
Museu da Uva e do Vinho Primo Slomp - Enfocando uma das atividades produtivas mais características do município, o Museu foi criado em 2002 no prédio histórico da Cooperativa Vitivinícola Forqueta, com um variado acervo de objetos utilizados na produção da uva e do vinho, incluindo objetos empregados em atividades correlatas como a tanoaria e a cestaria.
Igreja de São Pelegrino - A devoção a São Pelegrino, em Caxias do Sul, está vinculada aos primórdios da imigração italiana e da fundação da cidade. Em 1879 a família Sartori chegava ao antigo Campo dos Bugres, primeiro nome do vilarejo que deu origem a Caxias do Sul, trazendo a imagem do Santo que se habituaram a venerar na sua terra natal, Treviso - cidade italiana da região do Vêneto. Marcados fortemente por uma tradição religiosa, encontraram alternativas para as suas necessidades espirituais criando inicialmente um "Capitel". Após, a "Capelinha de Madeira" e a Igreja de Madeira, inaugurada em 1938. A Igreja Matriz foi inaugurada em 1953 e concedido o nome de Paróquia São Pelegrino. A igreja tem também valor artístico: em seus interior há pinturas de Aldo Locatelli, o que, em conjunto com sua arquitetura, a torna uma das mais bonitas da região.
Réplica de Caxias do Sul de 1885 - A réplica de Caxias do Sul de 1885 faz os visitantes voltarem no tempo para contemplar o nascimento da cidade. Trata-se de um conjunto arquitetônico com 20 casas de madeira, incluindo a igreja e o coreto, reproduzindo a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Doutor Montaury daquela época. Em sua volta, pinheiros altivos bebem a brisa e brindam a trajetória gloriosa dos que fizeram e fazem o progresso desta terra. À noite, a réplica serve de cenário para contar a Saga da Imigração Italiana, no espetáculo Som e Luz.
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